Por uma questão de Justiça, Necessidade, Consciência e Coerência.

Justiça é uma palavra usada na maioria dos casos para referir-se apenas as situações humanas, porém, sabemos que inúmeras violências são cometidas todos os dias pela nossa espécie contra as outras espécies, através de quem maltrata e mata diretamente os animais e daqueles que financiam toda essa exploração e morte: os consumidores. Devemos considerar a virtude da Justiça para os animais, pois eles também possuem a capacidade de sentir, possuem consciência de sua própria vida, prezam por ela e não querem ser usados como recursos para satisfação de interesses humanos.

Necessidade de abolir urgentemente a exploração dos animais. A escravidão animal é desnecessária e está fundamentada em premissas violentas e irracionais, como o Especismo. A destruição ambiental e o impacto social também são fatores atualmente relevantes para por um fim nesse sistema que transforma vidas sencientes em pedaços, é necessário praticar a Justiça com todos seres sencientes que habitam esse planeta; tanto em defesa dos animais que são usados, explorados e mortos como se fossem insignificantes, quanto com os animais-humanos que são obrigados à lidar com sangue e morte dos matadouros diariamente, sendo muito comum, inclusive, crianças serem forçadas a esse tipo de prática cruel, crianças que deveriam brincar e estudar ao invés de serem insensibilizadas e traumatizadas com a matança cruel dos animais.

Consciência de que os animais estão à mercê das nossas atitudes e que devemos agir pela ética. A questão não é “amar animais”, mas sim respeitar, não fazer com eles aquilo que não gostaríamos que fosse feito para nós. Ter consciência de que devemos respeitá-los e que isso significa não tirar vantagem, significa não escravizar, não consumir produtos de origem animal ou produtos testados nos corpos deles. Consciência de que podemos (e devemos) fazer pelo menos o mínimo pelos animais: respeitá-los — praticando o Veganismo!

Coerência de agir em conformidade e com responsabilidade diante daquilo que descobrimos, uma vez que, despertamos para essa realidade. Conhecimento sem aplicação não tem qualquer valor – é o mero “saber por saber”, egocentrismo. O conhecimento implica responsabilidade. E aí reside simultaneamente o problema e a solução. Solução porque o ser humano deve aprender a ser responsável. Responsável por seus atos, por seus semelhantes, pela sua marca no mundo. Mas nossa espécie também aprendeu a aceitar sem questionar a realidade que lhe é imposta. Acomodar-se. Nesse sentido, o governo é também um benefício e uma maldição. Pois o ser humano se sente mais seguro tendo um governo para delegar responsabilidade e pôr a culpa.

No entanto, é inquietante saber que podemos fazer algo a partir de nós mesmos, no nosso cotidiano, que muitas injustiças dependem apenas de nós para acabarem. Não adianta aspirarmos por paz, liberdade, igualdade, se não as praticamos no dia-a-dia, com nossos semelhantes: se somos violentos, egoístas, desrespeitosos, injustos… Como esperar que haja justiça no mundo?

E isso também se refere aos animais não-humanos. Conscientes da exploração de que eles são vítimas, devemos refletir sobre o que podemos fazer agora para impedir que esse massacre continue, sob pena de nos tornarmos cúmplices.

O Veganismo nos desperta, assim, para muito mais além da triste realidade da exploração animal: ele nos desperta para o poder transformador e libertário presente no ser humano, em cada indivíduo. Um poder que traz consigo a responsabilidade de agir de acordo com ele: não basta querer que as coisas mudem; é preciso mudá-las em nós mesmos, e assim o fazendo, teremos a certeza de que estamos contribuindo, através do nosso exemplo, para que o Veganismo seja propagado em toda sociedade.